segunda-feira, 9 de abril de 2012

1ª ATO DO PROGRAMA UFAL EM DEFESA DA VIDA: CONSTRUÇÃO DE UM VARAL COM CAMISAS PARA REPRESENTAR SIMBOLICAMENTE OS ASSASSINATOS DE 2008


O Ato inaugural do Programa UFAL EM DEFESA DA VIDA aconteceu dia 02 de abril de 2009, no espaço da Avenida Central da Universidade. Construimos um grande varal com 2.064 camisas representando simbolicamente as 2.064 vítimas de violência letal no Estado de Alagoas apenas no ano de 2008. Esta atividade política começou a ser construída mais ou menos um mês antes do evento, no final de fevereiro, quando desencadeamos uma campanha para arrecadação de blusas e camisas para a construção do varal. 

Nosso objetivo principal com a construção deste varal foi dar visibilidade a esses dados; além de ser uma tentativa de despertar a indignação da população universitária em relação a esta realidade que coloca o Estado de Alagoas entre os mais violentos da federação. Com a indispensável e sempre efetiva colaboração da ASCOM no sentido da divulgação dos nossos eventos, conseguimos atingir a nossa meta recolhendo até mais de 2.064 camisas. Essa conquista aconteceu em função da colaboração do professores, estudantes e funcionários, como também da sociedade civil alagoana. O plano de mídia e divulgação funcionou de forma exemplar, através do contato feito pela ASCOM, e conseguimos dar visibilidade a nossa campanha e ao nosso Ato nas seguintes mídias: Rádio CBN, Rádio Difusora, Rádio Gazeta, TV Pajuçara, TV Educativa, TV Gazeta de Alagoas, Blog Tudo na Hora, e no programa de Rádio “Doze e dez Notícia”. Além disso, fizemos ampla divulgação do Evento durante duas semanas nas salas de aula; e dois dias de panfletagem na entrada UFAL. 

Além de toda essa divulgação, a ASCOM garantiu um espaço no site da UFAL convocando a comunidade Universitária para o engajamento nesta atividade. Também confeccionamos um material gráfico onde além das informações, trazia um calendário que apontava as datas dos próximos Atos que o Programa UFAL EM DEFESA DA VIDA iria realizar. Definimos que nossas atividades seriam na última quinta feira de cada mês; momento em que já teríamos os dados de homicídios fornecidos pela Secretaria de Defesa Social. Os meses em que o Programa UFAL EM DEFESA DA VIDA não realizou atividades específicas, foi devido ao acontecimento de outras atividades da PROEST.

Vale ressaltar que grande parte da divulgação foi realizada pelos estudantes envolvidos no Programa “AQUI(N)TA CULTURAL” que elaboraram performances teatrais para chamar atenção dos estudantes sobre a importância de seu engajamento da campanha “em defesa da vida” em nosso Estado. Para tanto, realizamos uma reunião com todos os estudantes (Dança, Musica e Teatro) do referido Programa no Auditório da Biblioteca Central solicitando seu engajamento neste processo. Assim garantimos uma divulgação com arte, fato que nos engrandeceu na medida que implicou na ampliação das discussões da temática da violência no espaço universitário, maior objetivo de nosso Programa.

O Ato Inaugural do Programa UFAL EM DEFESA DA VIDA ultrapassou os muros da Universidade, e isso pôde ser constatado pela participação de algumas entidades da sociedade civil que atenderam à nossa convocação, unindo-se às Pró-Reitorias Estudantil e de Extensão que estiveram a frente deste Ato. É importante registrar o apoio logístico que recebemos das duas entidades de classe da UFAL:  DUFAL e SINTUFAL. Das entidades da sociedade presentes no Ato registramos as seguintes: Secretaria  Estadual de Defesa Social, Secretaria Estadual da Mulher, da Cidadania e dos Direitos Humanos, Presidente do Iteral, Representante do Conselho Estadual de Direitos Humanos, Representante do Fórum Pela Vida e Pela Paz, Ouvidoria Agrária Regional do INCRA, Representante da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), Centro de Ação Integrada da Cidadania, Igreja Batista, Reserva Técnica da PM e Corpo de Bomboeiros, Encontro de Jovens com Cristo, Presidente do Fórum Permanente contra a Violência em Alagoas, Associação dos Moradores do Tabuleiro Novo, Centro de apoio às Mulheres Vítimas da Violência, Igreja Católica, NEVIAL, SINDPOL, Representante dos Direitos Humanos da OAB, Representante do Centro de Gerenciamento de Crises e Direitos Humanos da PM, Assessoria da Vereadora Tereza Nelma, Representante do Movimento Negro de Alagoas, Representante do Movimento Meninos e Meninas de Rua de Maceió, etc. Além desses representantes, estavam presentes as TVs Gazeta, Pajuçara, Educativa, as Rádios Gazeta, Pajuçara, Repórteres do Programa Fique Alerta e Plantão de Alagoas. Em função de toda essa repercussão midiática, o nosso Evento foi noticiado na Rede Globo de televisão, tanto no Jornal da Tarde como no Jornal Nacional, assim como na SBT em nível Nacional.

Avaliamos que não só a meta de recolher as 2.064 camisas foi atingida, como também a meta de provocar uma reflexão crítica entre os estudantes, professores e funcionários, sobre os extraordinários dados de violência em nosso Estado. Compreendemos que esta foi uma excelente forma de provocarmos um impacto político e reflexivo na sociedade alagoana, fazendo com que as pessoas pudessem vizualizar a estupidez desta realidade que tem atingido de forma contundente a juventude de nosso Estado. Com a exposição das camisas, onde colocamos aleatoriamente os nomes e as idades das pessoas assassinadas, conseguimos humanizar aqueles dados que aparecem estatisticamente de forma fria e impessoal. 

Importante salientar que nosso evento foi noticiado em todos os veículos de comunicação local. Avaliamos também que o momento de construção do Ato inaugural do Programa, onde vivenciamos o processo de divulgação e arrecadação das camisas, foi muito importante, porque foi aí que conseguimos provocar o maior número de debates entre os universitários. Até as pessoas que se mostravam críticas à nossa estratégia de luta “em defesa da vida”, terminaram por contribuir com o debate do tema posto em pauta a partir do nosso Programa. Foi importante a participação dos estudantes dos cursos de Artes vinculados ao Projeto AQUI(N)TA CULTURAL, durante o 1º ATO, onde eles fizeram a apresentação de uma performance teatral com o ttítulo “Em Branco”, chamando atenção para o sofrimento humano provocado pela ação violenta contra os jovens no espaço social. Segundo a então Coordenadora do Grupo de Teatro, Nara Salles, “A instauração cênica “Em Branco” é resultado da pesquisa “Violência Urbana e Cotidiano”, desenvolvida no Núcleo Transdisciplinar de Pesquisa em Artes Cênicas e Espetaculares da UFAL (www.chla.ufal.br/artes/nace/), faz parte da linha de pesquisa Prática Cênica e Espetacular, na qual propomos criações cênicas a partir de pesquisa teórica e de campo com fundamentos e técnicas da antropologia. Objetivamos chamar a atenção da população sobre a violação dos direitos humanos, configurada em assassinatos. A instauração cênica estreou na praça em frente o Palácio dos Martírios em Maceió e viajou para representar o Brasil em dois ENTEPOLA, Encontro de Teatro Popular da América Latina, no Chile e na Colômbia, sob os auspícios da FAPEAL”. 

Após o Ato do dia 02 de Abril, recolhemos todas as camisas, armazenamos em caixas e distribuímos em duas comunidades carentes de Maceió: “Sururu de Capote” e “Cidade de Lona”. Contactamos com as lideranças dessas duas Comunidades e solicitamos que as mesmas fizessem a distribuição das blusas e camisas em suas comunidades.

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